quinta-feira, 19 de novembro de 2009

RECEPÇÃO DA URNA DE DOM BOSCO



RECEPÇÃO DA URNA DE DOM BOSCO





1- DESCRIÇÃO DA URNA




No dia 25 de abril foi benta na basílica de Nossa Sra. Auxiliadora, em Turim, a Urna que contém uma relíquia insigne de Dom Bosco e que está percorrendo todas as nações onde estão presentes os salesianos.

A peregrinação da Urna é uma iniciativa do Reitor-Mor dos Salesianos, Padre Pascual Chávez em preparação ao Bicentenário de nascimento de Dom Bosco, que ocorrerá em 2015.

Após a bênção a Urna seguiu em procissão para o pátio de Valdocco, onde durante mais de 40 anos, Dom Bosco conviveu com a juventude pobre de Turim e de muitas outras partes da Itália.

A Urna, projetada pelo Arquiteto Gianpiero Zoncu, foi realizada em alumínio, bronze e cristal. Os mestres que realizaram a obra são: Marco Berrone (artífice do ferro), Francesco Boglione (marcheteiro). Os cristais são trabalho da firma Bivetro. A “Fundição Artística De Carli” preparou as ambiências metálicas e a firma Perlaluce cuidou da iluminação.

A base da Urna representa uma ponte sustentada por quatro pilares sobre os quais se leem as datas que definem o Bicentenário: 1815-2015. Os pilares são decorados para os lados da Urna com quadrângulos mostrando semblantes de jovens dos cinco continentes, obra do escultor Gabriele Garbolino. O brasão da Congregação salesiana, que neste ano de 2009 celebra o Sesquicentenário de fundação, e o lema carismático que adotou Dom Bosco – Da mihi animas, cetera tolle – completam a decoração da Urna. O Rosto de Dom Bosco da Estátua que está na Urna foi reproduzido a partir da máscara que Cellini realizou por ocasião da morte de Dom Bosco.

Incluindo a base, a Urna mede 2,53m de comprimento, 100 m de largura e 1,32m de altura. Seu peso total é de 530 quilos.

Quem cuida de toda a logística da peregrinação é a empresa Italiana, Roberto Bertoli, juntamente com a Missioni Dom Bosco de Turim.

Depois de percorrer algumas cidades na Itália a Urna foi para a casa Geral dos Salesianos em Roma. É daí que partiu para a América Latina.

A primeira etapa internacional da peregrinação desenrola-se na região salesiana do Cone Sul da América: Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil. Estamos, portanto, no final desta primeira etapa da Peregrinação.

A seguir o programa da Peregrinação – que terminará no dia 31 de janeiro de 2014 – contempla a:

Região Interamérica: de março a outubro de 2010.

Região Ásia Leste-Oceânia: de novembro de 2010 a abril de 2011.

Região Ásia Sul: de maio a novembro de 2011.

Região África-Madagascar: de dezembro de 2011 a abril de 2012 e julho-agosto de 2012.

Região Europa Oeste: maio e junho, e setembro a novembro de 2012.

Região Europa Norte: de dezembro de 2012 a agosto de 2013.

Região Itália-Oriente Médio: de setembro de 2013 a janeiro de 2014.



- 1 -

2 - TRAÇOS BIOGRÁFICOS DE DOM BOSCO




INTRODUÇÃO



Dom Bosco queria que toda a Família Salesiana fosse santa e educadora de santos. Esta é a finalidade do seu método educativo que nós conhecemos como Sistema Preventivo de Dom Bosco. Domingos Sávio, depois de ouvir uma pregação de Dom Bosco sobre a santidade, escreveu-lhe um bilhete com uma frase muito séria: “Ajude-me a fazer-me santo”. A famosa pregação estava dividida em três pontos:

Deus quer que todos nos façamos santos.

É muito fácil chegar a isso.

Para quem se faz santo está reservado um grande prêmio no Céu.

Se este era o principal desejo de Dom Bosco, devemos empenhar-nos por realizá-lo. A peregrinação da Urna de Dom Bosco quer exatamente encorajar-nos a seguir o exemplo e os ensinamentos do santo.



POBRE E ÓRFÃO DE PAI



João Bosco nasceu nos Becchi em 16 de agosto de 1815, de uma família de camponeses. Os Becchi eram realmente um punhadinho de casas a meio caminho entre Capriglio e Castelnuovo d’Asti. O pai chamava-se Francisco Bosco. A mãe, Margarida Occhiena. Francisco desposou Margarida depois que ficara viúvo e com uma criança, o pequeno Antônio. A casal teve dois filhos: José e João. João Bosco tinha apenas dois anos quando perdeu o pai, atingido por uma pneumonia.

Assim, com apenas 29 anos, Mamãe Margarida viu-se só, à frente da família: devia acudir à idosa mãe de Francisco, ao Antônio, e aos dois pequenos José e João. Mas ela não se deu por vencida: arregaçou as mangas e começou a trabalhar. E que grande educadora foi esta mãe viúva! “Não podemos esquecer-nos de rezar a Deus”, dizia aos filhos com muita frequência. Quando em noites de verão, Margarida e os filhos se reuniam na frente da casa para contar alguma história, aquela santa mãe concluía:

– Foi Deus quem criou o mundo e colocou lá em cima tantas estrelinhas. Se é tão belo o céu estrelado, como não será o Paraíso!

Já como padre, Dom Bosco contará: “Quando eu era ainda muito pequeno, minha Mãe me ensinou as primeiras orações. Logo que pude juntar-me aos irmãos, me fazia ajoelhar com eles, de manhã e de noite. Lembro que foi ela quem me preparou para a primeira Confissão”.



UM SONHO QUE MUDA A VIDA



Uma noite, João Bosco teve um sonho muito estranho. Contou-o ele mesmo alguns anos mais tarde:

“Aos nove anos tive um sonho, que me ficou impresso profundamente na mente por toda a vida. Durante o sono pareceu-me estar perto de casa num pátio muito amplo, onde havia um grande número de meninos que brincavam. Alguns riam. Não poucos blasfemavam. Ao ouvir aquelas blasfêmias atirei-me logo para meio deles, com socos e gritos para fazê-los calar.

Naquele momento apareceu um Homem encantador, trajando nobremente. Seu rosto era tão luminoso que não o podia fixar. Chamou-me pelo nome e me disse:

Não com pancadas, mas com a paciência e a bondade deverá conquistar estes seus amigos. Explique logo a eles quão feio é viver no pecado e quão precioso é, ao invés, viver na amizade de Deus.

Confuso e espantado respondi que eu era um pobre menino e por cima ainda ignorante. Naquele momento os meninos, deixando as brigas e a gritaria, se juntaram ao redor daquele Homem que me falava. Quase sem dar-me conta do que dizia, perguntei:

– Quem é o senhor que me manda fazer coisas impossíveis?



- 2 -

– Eu sou o Filho daquela Senhora que sua mãe lhe ensinou a saudar três vezes por dia. O meu nome

pergunte-o à minha Mãe.



Naquele momento apareceu perto dele uma Senhora: seu aspecto era maje­stoso. Seus trajes e manto brilhavam como o so­l. Vendo-me confuso, chamou-me para perto de si e tomando-me com bondade pela mão me disse:

– Olhe!

Olhando vi que todos aqueles meninos haviam fugido; em seu lugar apareceu um grande número de cabritos, cães e gatos, ursos e outros animais.

– Eis o seu campo, eis onde deverá trabalhar. Torne-se humilde, forte e robusto: E aquilo que neste momento você vê acontecer a estes animais, você o fará com os meus filhos.

Virei então o olhar e eis que ao invés de animais ferozes apareceram outros tantos dóceis cordeirinhos, que saltitando e balindo, corriam para junto daquele Homem e daquela Mulher.

Nessa hora, sempre em sonho, desatei a chorar. E pedi Àquela Senhora que me falasse claramente, porque eu não entendia nada daquilo que me estava dizendo. Então, pondo-me a mão sobre a cabeça, me disse:

– A seu tempo tudo compreenderá.

Tinha apenas dito essas palavras, quanto um barulho me acordou. E tudo desapareceu. Fiquei apreensivo. Parecia que as mãos me doessem pelas pancadas que havia dado e que o rosto me ardesse pelos tapas que havia recebido daqueles meninos”.



O PADRE CALOSSO, UM PAI ESPIRITUAL



Entretanto em setembro de 1829 viera a Morialdo um capelão chamado João Calosso, um idoso sacerdote de 70 anos. Em novembro daquele mesmo ano, foram organizadas em Buttigliera, não muito longe dos Becchi, algumas pregações pelos padres missionários. Também o padre Calosso ia às missões. Certa tarde, ao voltarem para casa, o padre Calosso se aproximou de João Bosco e lhe disse:

– De onde é você, meu filho?

– Dos Becchi. Fui ouvir a pregação dos missionários.

– Que será que você entendeu com todas aquelas citações em latim! Quem sabe se sua mãe não lhe poderia fazer uma prédica, melhor!?

– De fato, minha mãe faz sim! E com freqüência! E são prédicas muito boas! Mas parece-me que entendi também os missionários.

– Oh bravo! Então, vamos lá: se me disser quatro palavras da pregação de hoje, lhe dou quatro moedas.

João começou a recontar ao capelão todo o sermão. Tintim por tintim! Como se estivesse lendo num livro! O padre Calosso ficou maravilhado!

– Como se chama?

– João Bosco. Meu pai morreu quando eu tinha dois anos.

– E que escola já fez?

– Aprendi a ler e escrever com o padre Lacqua, em Capri­glio. Gostaria muito de continuar a estudar, mas o meu irmão mais velho não quer saber, e os párocos de Castelnuovo e de Buttigliera não têm tempo para me ajudar.

– E para que você gostaria de estudar?

– Para ser padre! Ser sacerdote!

– Diga a sua mãe que venha ver-me em Morialdo. Quem sabe se, embora velho, eu não o posso ajudar?

Margarida não perdeu tempo. Foi falar com o padre Calosso. Decidiram mandar João ficar na casa paroquial durante o dia, onde poderia seguir mais facilmente as aulas, fazer as tarefas e estudar. Dom Bosco mesmo contará um dia: “Coloquei-me logo nas mãos do padre Calosso. Manifestei-lhe



- 3 -

toda palavra, cada pensamento. Aprendi então o que era ter um guia estável, um fiel amigo da alma, que até aquele tempo eu não tivera. Animou-me a freqüentar a confissão e a comunhão, e me ensinou a fazer cada dia uma pequena meditação. Ninguém pode imaginar a minha alegria. Amava o padre Calosso como a um pai. Servia-o de boa vontade em todas as coisas. Aquele homem de Deus me queria realmente bem”.



MAIS DIFICULDADES




Infelizmente o padre Calosso morreu, deixando João Bosco órfão pela segunda vez. Mas Deus tem seus planos e surgiu a oportunidade de João Bosco estudar em Chieri, a cidade dos conventos e dos estudantes. A Sra. Lúcia Matta que se estava trasferindo a Chieri para dar assistência ao filho estudante: esta concordou em receber João Bosco por 21 liras por mês. Não podiam pagar tudo. Então o João se ofereceu para ajudar em casa, nos trabalhos domésticos.

Mas, para ir a Chieri era preciso renovar o enxoval e comprar livros. Como bom atleta conseguiu ganhar 20 liras no pau de sebo, durante a anual festa do padroeiro: também ali, os treinos feitos na corda para divertir e fazer rezar os seus coleguinhas, lhe haviam servido! Mesmo assim, é claro que não podiam bastar. Enfrentou a humilhação de pedir esmola, passando de casa em casa:

– Sou o filho de Margarida Bosco. Vou a Chieri para estudar: quero ser padre. Quem puder me ajude!



PROPÓSITOS DE QUEM DESEJA SER SANTO



Depois de passar por uma experiência negativa, estando já de batina, tomou uma decisão:

Não irei a refeições ou a banquetes inconvenientes.

Deixarei de me exibir de saltimbanco na frente de todos (estava de batina).

Esforçar-me-ei por achar um tempo para a reflexão. Serei sóbrio no comer e no beber. Também no dormir.

Começarei a ler livros religiosos, para conhecer melhor a Deus.

Esforçar-me-ei por combater pensamentos, conversas e imagens contrários à castidade pela qual optei.

Acharei todos os dias algum tempo para dedicá-lo à oração.

Contarei a quem encontrar fatos e pensamentos que façam bem à alma.



INDO ÀS PRISÕES PARA VISITAR OS JOVENS



Quando Deus coloca sua mão as coisas acontecem. João Bosco entrou para o seminário de Chieri e no dia 5 de junho de 1841 foi ordenado sacerdote. O padre Cafasso que era seu diretor espiritual o aconselhou a ir aperfeiçoar seus estudos de moral em Turim. Ele seguiu o conselho. Em Turim o padre Cafasso começa levar Dom Bosco a visitar os presos. Nessas visitas, percebeu que muitíssimos presos eram rapazes entre 12 e 18 anos. Como era possível que adolescentes sadios e inteligentes lá estivessem sem fazer nada, a se encher de piolhos e doenças? Quem se interessava por eles? Quem os esperava fora? Muitos deles, apenas livres e decididos a mudar de vida, não tinham para onde ir. E viam-se obrigados a roubar, retornando em seguida à prisão. Vendo aqueles olhos espantados e irados contra o mundo, Dom Bosco pensou:

– Esses rapazes deveriam encontrar lá fora um amigo que cuidasse deles, os assistisse, instruísse e levasse à igreja nos dias santos. Então, quem sabe, não voltariam a corromper-se. Certamente seriam bem poucos os que voltariam à prisão.

No mercado geral da cidade descobriu mais uma coisa horripilante: um autêntico “mercado de braços juvenis”. Perto da Porta Palazzo havia muitos pequenos ambulantes, engraxates, limpa chaminés, passadores de propaganda, serviçais de comerciantes. Rapazes todos que vinham dos



- 4 -

campos em busca de um serviço qualquer para sobreviver. Subiam andaimes de pedreiros...: se caíssem, ninguém se importaria com eles: haveria mais dez na fila para ocupar-lhe a vaga... Girovagavam como lobos pelas ruas, jogavam jogos de azar, roubavam nos mercados. Se alguém tentasse aproximar-se, tornavam-se desconfiados, altivos e cheios de desprezo. Nos seus olhos entretanto Dom Bosco não lia ferocidade. Lia medo. Devia fazer alguma coisa. E logo Deus lho haveria de ‘dizer’.



O PRIMEIRO ORATÓRIO



O primeiro jovem com o qual Dom Bosco deu início a seu Oratório tinha 16 anos. Era servente de pedreiros. Seu nome ficou na história: Bartolomeu Garelli. Com Garelli teve início um Oratório onde foi possível aprender um pouco de catecismo.

Na semana seguinte Bartolomeu não estava só. Seguira o conselho de Dom Bosco: “Na próxima vez traga ao menos mais um amigo! E assim continuou o catecismo, que aos poucos se transformou em Oratório. Inicialmente Dom Bosco convidava aqueles rapazes que deixavam a prisão e que lhe pareciam ser mais periclitantes. Mas para fazer-se ajudar a manter a ordem e para propor objetivos mais altos, convidou também rapazes instruídos e de boa conduta. Esse grupo, embora por entre dificuldades, foi-se amalgamando de tal forma que logo puderam inserir cantos e leituras recreativas que animavam os encontros. Em março de 1842 já eram trinta! Entre outras coisas, podiam também animar a missa da Anunciação com algum belo canto.



SONHOS OU VISÕES?



No dia 13 de outubro de 1844, Dom Bosco deveria comunicar aos seus meninos a transferência do Oratório: do Colégio ao Pequeno Hospital de Santa Filomena. Estava muito ansioso: que pensariam os oratorianos? Viriam eles igualmente? Perderia talvez o trabalho de três anos? Foi dormir com esses pensamentos no coração. Mas naquela noite ele teve mais um sonho.

Desta vez não tinha mais nove anos. Mas a situação era muito parecida. Uma alcatéia de lobos ferozes erguiam sua uivada pavorosa. Dom Bosco, apavorado, queria fugir, mas apareceu uma pastora que o convidou a conduzir o rebanho atrás dela. O estranho grupo parou três vezes. Em cada parada, muitas daquelas feras se transformavam em mansos cordeirinhos. No fim da caminhada chegaram a um prado: ali todos os cordeiros saltitavam e comiam tranquilamente. A pastora convidou Dom Bosco a não parar. Juntos chegaram a um pátio muito amplo. Vários cordeiros se haviam transformado em pastores, permitindo que o rebanho aumentasse desmedidamente. Dom Bosco olhou com cuidado: viu surgir uma Basílica majestosa, com uma orquestra pronta para tocar e um coro que pronto para animar a Missa. No interior da igreja havia uma grande faixa branca sobre a qual se escrevia com caracteres cubitais: “Aqui está a minha casa. Daqui sairá a minha glória”. O sonho terminou com uma última afirmação da pastora:

– Compreenderá tudo quando contemplar com os seus próprios olhos tudo quanto você acaba de ver hoje em sonho.

Trata-se da descrição exata de tudo quanto efetivamente acontecerá e que contaremos nas próximas linhas. Talvez por este motivo Dom Bosco, quando já parecia devesse deixar a sua aventura com os jovens, e quando também os seus mais próximos colaboradores o consideravam louco, insistia, contra tudo e contra todos, dizendo:

– Não pode acabar assim! Eu vejo uma grandíssima Igreja, um Oratório cheio de meninos. Vejo colaboradores que me ajudam! Estou certo! Certíssimo!



NOVOS LOCAIS



Já agora os órfãos aumentavam e os ambientes pareciam cada vez mais apertados. Num dia festivo,



- 5 -

enquanto o padre Borel pregava, Dom Bosco encontrou-se como de costume com o Sr. Pinardi:

– Escute cá, Dom Bosco, me deve comprar toda a casa!

– O dinheiro que me pede é demais.

– Então me faça uma oferta.

– Mandei avaliá-la por uma pessoa de bem. E me diz que vale entre 26 e 28 mil liras. Dou-lhe 30!

– Se for à vista, negócio fechado.

– À vista!

– Dentro de 15 dias firmaremos o contrato. 100 mil de multa para quem voltar atrás.

– Está bem!

Trinta mil liras naquele tempo era muito dinheiro! Mas a Providência lhas fez chegar em poucos dias. Como sabia? Não sabia: confiava em Deus.



NASCEM OS SALESIANOS



No dia 26 de janeiro de 1854 nos humildes aposentos de Dom Bosco quatro jovens que haviam participado de várias palestras ‘secretas’ se reuniram para assumir mais seriamente o empenho de servir melhor os próprios colegas. No seu caderninho naquela noite, Miguel Rua anotou: «Reunimo-nos no aposento de Dom Bosco, Rocchetti, Artiglia, Cagliero e Rua. Foi-nos pro­posto fazer, com o auxílio de Deus e de são Francisco de Sales, uma experiência de exercício prático de caridade para com o próximo. A seguir faremos uma promessa. Depois, se for possível, um voto a Deus. Aos que fazem esta prova, e aos que a fizerem depois, se deu o nome de ‘Salesianos’».

No dia 25 de março de 1855 Miguel Rua fez voto a Deus de pobreza, castidade e obediência nas mãos de Dom Bosco: era o primeiro salesiano.

Dom Bosco começou a escrever as Constituições da nova congregação e em fevereiro do 1858, a conselho do Arcebispo de Turim, foi a Roma onde foi recebido pelo Papa Pio IX. Ele abençoou as iniciativas e lhe deu muitos e preciosos conselhos. No dia 18 de dezembro de 1859 no mesmo aposento de Dom Bosco reuniram-se 17 dos seus mais estreitos colaboradores. Havia-os preparado perfeitamente com conferências sobre os votos de pobreza, castidade e obediência. Naquela noite fizeram os votos diante do Crucifixo: começava – há 150 anos – a Congregação Salesiana.



DOM BOSCO NO MUNDO



Desde os anos de seminário em Chieri, Dom Bosco era atraído pelas missões. Desejava levar o Evangelho e o seu sistema educativo até aos confins do mundo. Preso por tantos empenhos e pela fundação do Oratório, deixou de lado por um tempo o seu projeto. Entre 1871 e 1872 teve mais um sonho importantíssimo. Um sonho missionário. Via tanta gente buscando ajuda e que vivia numa imensa planura inculta: muitos missionários tentavam ajudar aqueles indígenas, mas eram todos ferozmente sacrificados. Os salesianos, no sonho, foram os únicos que conseguiram instruir aquela gente e seus filhos.

Dom Bosco começou a receber muitíssimos pedidos de auxílio dos bispos, presentes nos outros continentes. Aceitou apenas ir à Patagônia, reconhecendo ser aquela a região sonhada, após estudar os mapas de geografia.

No dia 11 de novembro de 1875 nascem as Mis­sões Salesianas, que se hão de estender depois a todo o Mundo. No Santuário de Maria Auxiliadora tomado por uma grande multidão, Dom Bosco entregou os crucifixos aos primeiros dez missionários salesianos que iriam partir para A­mérica do Sul. Guiava-os o então padre João Cagliero, ele também um dos primeiros meninos do Oratório.











- 6 -

A SEU TEMPO TUDO COMPREENDERÁ



Em maio de 1887 ter-se-ia finalmente consagrado o Templo do Coração de Jesus, em Roma. Dom Bosco enfrentou mais aquela fadiga. Foi recebido pelo Papa Leão XIII que lhe agradeceu pelos sacrifícios que havia feito para realizar quanto lhe pedira.

No dia 14 houve a grande consagração. No dia seguinte Dom Bosco foi ao templo para rezar a santa Mis­sa. Apenas começada a Missa, o padre Viglietti, que o assistia, o viu debulhar-se em lágrimas. Era um pranto longo, irrefreável, que o acompanhou, a intervalos, durante praticamente toda a Missa. No fim quase tiveram de carregá-lo à sacristia. O padre Viglietti preocupado perguntou-lhe:

– O que está havendo, Dom Bosco: sente-se mal?

Dom Bosco com um aceno de cabeça disse que não. E respondeu:

– Tinha diante dos olhos, viva, a cena do meu pri­meiro sonho, aos nove anos. Eu via e ouvia minha mãe e os irmãos que comentavam o que eu havia sonhado.

Naquele sonho distante Nossa. Senhora lhe havia dito: “A seu tempo tudo compreenderá”. Agora, olhando para trás na vida, parecia-lhe estar compreendendo. Compreendendo tudo!

Pelo fim do ano Dom Bosco se sentia cada vez mais exausto. O padre Rua preocupado com a situação, mandou um telegrama a João Cagliero, já bispo e missionário na Patagônia, que logo voltou a Turim.

O Padre João Bosco, ou Dom Bosco, morreu no amanhecer do dia 31 de janeiro de 1888. Aos salesianos que o rodeavam, entre as poucas palavras que ainda pôde murmurar, disse:

– Digam aos meus meninos que os espero a todos no Céu!



OS SANTOS SÃO “TESTEMUNHAS DA FÉ”



A mãe Igreja, em sua sabedoria, pensou desde seus inícios que para ajudar os fieis a caminharem pelo caminho do amor não era necessário escrever tratados teológicos, quem sabe complexos e pouco acessíveis aos simples. Entendeu, porém, que a scientia amoris – a ciência do amor – não se aprende nos livros, mas seguindo o exemplo dos fieis que mais do que todos souberam ter os mesmos sentimentos de Jesus. Eles são as testemunhas da fé de que falamos.

De início, escreviam-se os testemunhos sobre o martírio dos fieis chamados de Atos ou de Paixões dos mártires. Depois do século terceiro, foram escritas também as vidas de santos monges, de santos bispos e de outros santos fieis que eram propostos como modelos acabados de santidade. A Igreja começou a se pronunciar oficialmente e indicar os exemplos de vida cristã dos que eram chamados santos. Eram, muitas vezes, os próprios cristãos que, admirados pelo testemunho desses grandes cristãos, insistiam para que fossem logo reconhecidos como santos pela Igreja.

Os santos eram imitados por todos. Havia a convicção, e ainda há, de que eles, após a morte, já tivessem entrado na casa da Trindade, que já tivessem sido admitidos à presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo.



O SIGNIFICADO DA PEREGRINAÇÃO DE DOM BOSCO



Ao final deste nosso pequeno itinerário, tiremos as conclusões que já são em grande parte claras para o leitor.

Também neste caso, a ocasião é extraordinária. A estreia de 2008 convidou-nos a “educar os jovens segundo o coração de Dom Bosco”; o Capítulo Geral 26, na mesma linha, pediu-nos para retornar às fontes do nosso carisma a partir do lema do Fundador: Da mihi animas, cetera tolle. O Reitor-Mor deseja que a Família Salesiana inteira continue a evangelizar os jovens que o Senhor lhe confia, com estes mesmos sentimentos. Para isso, é preciso que ela reflita sobre a própria identidade. È fundamental, portanto, continuar a amar e aprofundar Dom Bosco. A estreia de 2009 é assim formulada:



- 7 -

Empenhemo-nos por fazer da Família Salesiana um vasto movimento de pessoas para a salvação dos jovens.

Dois grandes acontecimentos justificam e enriquecem a escolha da Estreia para 2009:

os 150 anos de fundação da Congregação Salesiana;

a preparação do bicentenário do nascimento de Dom Bosco (1815-2015).

Com a lembrança dos 150 anos da Congregação Salesiana dá-se início à preparação para o bicentenário do nascimento de Dom Bosco. Esta celebração quer significar fidelidade renovada a Dom Bosco, à sua espiritualidade, à sua missão; será um Ano santo “salesiano”.

A peregrinação da Urna será uma ocasião de retomar nas mãos a vida de Dom Bosco como deseja o Reitor-Mor. O testemunho da sua vida haverá de nos ajudar a imitar a sua fé, o seu amor pelo Senhor e o seu zelo pelos irmãos, sobretudo os jovens mais pobres. Toda a Família Salesiana do mundo reunir-se-á para rezar junto à Urna, formando uma comunidade de fieis chamada por Cristo à santidade, que deseja santificar-se seguindo o exemplo de Dom Bosco. Rezando junto à Urna, pequenos e grandes colocarão em suas mãos tantas orações e intenções para que ele, que tanto amou o Senhor, possa interceder por eles.


Nenhum comentário: