terça-feira, 6 de outubro de 2009
Ouro Preto - Nossa História de Minas Gerais
Ouro Preto - Nossa História de Minas Gerais
Uma Ouro Preto
especial na Páscoa
É na Semana Santa que a cidade mineira demonstra mais sua vocação pela história e cultura popular
Ouro Preto - Visitar Ouro Preto é sempre um enorme prazer. Mas a época da Semana Santa é especial: é quando a cidade mais demonstra sua vocação pela preservação da história e da cultura popular de Minas Gerais. O turista que pretende entrar em contato com a população local tem na Semana Santa a sua melhor oportunidade.
Ao contrário do que ocorre no Carnaval, quando boa parte dos moradores foge da antiga Vila Rica em busca de tranqüilidade, é no feriado pós-quaresma que os habitantes realizam as celebrações populares que tornam Ouro Preto única. Os festejos da Semana Santa incluem procissões, missas nas igrejas coloniais e a malhação de Judas. O turista poderá unir-se aos mineiros mais fervorosos e seguir as procissões pelas ruas e ladeiras, acompanhar missas ao ar livre e, principalmente, participar dos festejos com a comunidade.
No sábado à noite, os moradores e funcionários da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop) preparam os famosos tapetes de serragem para cobrir as ruas de todas as cores, quase sempre com desenhos que representam a história de Jesus, o significado da Páscoa e desejos de paz. Os habitantes de Ouro Preto guardam as serragens durante meses e elaboram os tapetes coloridos com esmero.
As crianças são as protagonistas dessa celebração: são elas que pintam as serragens e mostram aos visitantes, cheias de orgulho. Como os mineiros gostam de prosa, o turista pode acabar tomando um café com bolo de fubá em algum casarão, convidado por algum morador mais entusiasmado com o clima de fraternidade da Páscoa.
MALHAÇÃO DO TRAIDOR
A malhação de Judas é um espetáculo popular à parte na onda dos festejos da Semana Santa. Na praça próxima à Igreja do Pilar, a população se reúne para "malhar" um boneco que representa o traidor de Jesus Cristo, seguindo um ritual que teve origem nos países ibéricos (Portugal e Espanha). Antes de queimar o boneco em praça pública, os moradores cantam e dançam ao som das bandas locais. As crianças aproveitam para colocar a roupa de procissão e as ruas se enchem de anjinhos e santos. A festa é santa, mas assemelha-se ao carnaval pagão de outros tempos.
No domingo de Páscoa, a melhor pedida é acompanhar a missa na Igreja Nossa Senhora do Pilar, de 1711, uma das mais ricas do Brasil. Em sua decoração, foram gastos 434 quilos de ouro e 400 de prata. Mesmo para quem não é religioso, é um privilégio assistir à celebração católica com o povo de Ouro Preto, diante de um altar dourado que é uma das maiores obras de arte locais.
MÁRTIR
Tiradentes teve sua cabeça exposta na antiga Vila Rica
Foto: Reprodução
Obras de Aleijadinho e amor entre Marília e Dirceu
O roteiro turístico-cultural inclui 13 igrejas e 11 capelas. Uma das mais antigas é a de Nossa Senhora do Parto, erguida pelo padre João de Faria Filho, capelão da bandeira de Antônio Dias. A matriz de Nossa Senhora da Conceição, de 1727, é um dos templos mais ricos do ponto de vista arquitetônico. Seu interior é ornamentado em estilo joanino, característico da segunda fase do barroco mineiro.
A Igreja Nossa Senhora do Carmo teria sido desenhada pelo pai de Aleijadinho pouco antes de sua morte: tem seis altares laterais e pinturas de Ataíde. A igreja mais rica de Ouro Preto, porém, é a de Nossa Senhora do Pilar, de 1711. Trabalharam em sua construção o pai, o tio e o professor de Aleijadinho.
O Museu da Inconfidência, instalado na antiga Cadeia Pública Real, é parada obrigatória. Bem ao lado, fica a Escola de Minas - Palácio dos Governadores. O Teatro Municipal da cidade é o mais antigo das Américas, está perto da Praça Tiradentes. Na rua da Glória pode-se observar o mais antigo chafariz da cidade, de 1752.
Os bem-casados podem agradecer o sucesso amoroso na igreja de São José, de 1750. No passado, o templo era freqüentado por mulatos. Sua torre foi um projeto de Aleijadinho, que também era mulato. Ao final, visite a Casa dos Contos, onde pode-se apreciar obras originais de Aleijadinho. Ouro Preto tem muito mais para mostrar aos visitantes, mas tudo depende do tempo que cada um irá ficar na cidade. Uma dica é comprar um bom guia e montar a própria programação.
O encantador modelo arquitetônico de Ouro Preto ambientou algumas minisséries globais, como "Memorial de Maria Moura" e "O Grande Mentecapto", e o filme "Romeu e Julieta", com Fábio Júnior e Lucélia Santos. Porém, no passado a cidade ficou famosa por um romance bem real: o de Marília e Dirceu, ou Tomás Antônio Gonzaga e Maria Dorotéia Seixas.
Os dois costumavam se encontrar num local conhecido atualmente como Ponte dos Suspiros. Ele era poeta e inconfidente, foi exilado para a África, onde acabou se casando. Marília, no entanto, jamais esqueceu seu grande amor. Pouco antes de sua morte, aos 91 anos, soube que Dirceu havia se casado e que, em vão, o esperou por toda a vida.
LADEIRAS FAMOSAS
Monumentos e casario colonial: conjunto barroco elevou cidade à condição de Patrimônio Cultural da Humanidade
Roteiro para quem aprecia
desde religião até serestas
Um dos mais movimentados centros turísticos do País e uma das mais bonitas cidades coloniais, Ouro Preto é um dos roteiros mais indicados para quem gosta de cultura, religião, história e serestas. Declarada pela Unesco Patrimônio Cultural da Humanidade, a cidade encanta seus visitantes que chegam de todas as partes. Uma das maiores atrações é o maior conjunto barroco preservado do planeta.
A fama de Ouro Preto, localizada no Vale do Tripuí, a 96 quilômetros de Belo Horizonte, teve início no século 18, com a exploração das centenas de minas de ouro. O nome da cidade tem a ver com a forma como os garimpeiros achavam as pepitas, que chegavam a ter 23 quilates: encontradas normalmente no leito e às margens dos rios e na encosta dos morros, as pedras apareciam sempre cobertas por uma camada de óxido de ferro.
As primeiras capelas foram erguidas pelos bandeirantes em agradecimento pela fartura. E foi justamente num destes modestos templos que foi celebrada a primeira missa pelo padre João de Faria Fialho. Paulistas, baianos, pernambucanos e também muitos portugueses tentaram a sorte no eldorado. Muitos desistiram, outros lutaram para garantir espaço nas minas. Fato que resultou na Guerra dos Emboabas. O auge da mineração foi registrado entre os anos de 1730 e 1760, e sua decadência a partir de 1763, no governo de Gomes Freire.
IDEAL LIBERTÁRIO
O movimento conhecido como Inconfidência Mineira foi uma forma que comerciantes, religiosos, intelectuais e militares encontraram para fugir das garras do governo português que a cada hora criava novos e altos impostos. O ideal libertário pedia também a separação da colônia de Portugal e a proclamação da independência. Entretanto, o fracasso abateu o grupo de inconfidentes quando Joaquim Silvério dos Reis delatou os planos revolucionários do movimento. Alguns líderes foram punidos com o exílio e um com a morte. Tiradentes foi esquartejado no Rio de Janeiro, sua cabeça foi exposta em praça pública na antiga Vila Rica.
Fonte:
http://www1.an.com.br/2000/abr/05/0tur.htm
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