quarta-feira, 14 de outubro de 2009
ÁGUA E ENVELHECIMENTO - IMPORTANTE
ÁGUA E ENVELHECIMENTO - IMPORTANTE
IMPORTANTE PARA TODAS AS IDADES
(Para você e para seus familiares e amigos)
Sempre que dou aula de Clínica Médica a estudantes do quarto ano de
Medicina, lanço a pergunta:
- "Quais as causas que mais fazem o vovô ou a vovó terem confusão mental?"
Alguns arriscam: "Tumor na cabeça:".Eu digo: "Não".Outros apostam:
"Mal de Alzheimer". Respondo, novamente: "Não".
A cada negativa a turma espanta-se.
E fica ainda mais boquiaberta quando enumero os três responsáveis
mais comuns:(1) diabetes descontrolado;(2) infecção urinária; (3)
desidratação.
Parece brincadeira, mas não é. Constantemente vovô e vovó, sem
sentir sede, deixam de tomar líquidos. Quando falta gente em casa para
lembrá-los, desidratam se com rapidez. A desidratação tende a ser
grave e afeta todo o organismo. Pode causar confusão mental abrupta,
queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos
("batedeira"), angina (dor no peito).
Insisto: não é brincadeira.
Ao nascermos, 90% do nosso corpo é constituído de água.
Na adolescência, isso cai para 70%.
Na fase adulta, para 60%.
Na terceira idade, que começa aos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água.
Isso faz parte do processo natural de envelhecimento.
Portanto, de saída, os idosos têm menor reserva hídrica. Mas há outro
complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar
água, pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam
muito bem.
Explico: nós temos sensores de água em várias partes do
organismo. São eles que verificam a adequação do nível. Quando ele
cai, aciona-se automaticamente um "alarme". Pouca água significa menor
quantidade de sangue, de oxigênio e de sais minerais em nossas
artérias e veias. Por isso, o corpo "pede" água.
A informação é
passada ao cérebro, a gente sente sede e sai em busca de líquidos.
Nos idosos, porém, esses mecanismos são menos eficientes.
A
detecção de falta de água corporal e a percepção da sede ficam
prejudicadas. Alguns, ainda, devido a certas doenças, como a dolorosa
artrose, evitam movimentar-se até para ir tomar água.
Conclusão: idosos desidratam-se facilmente não apenas porque
possuem reserva hídrica menor, mas também porque percebem menos a
falta de água em seu corpo. Além disso, para a desidratação ser grave,
eles não precisam de grandes perdas, como diarréias, vômitos ou
exposição intensa ao sol. Basta o dia estar quente ou a umidade do ar
baixar muito - como tem sido comum nos últimos meses. Nessas
situações, perde-se mais água pela respiração e pelo suor.. Se não
houver reposição adequada, é desidratação na certa. Mesmo que o
idoso seja saudável, fica prejudicado o desempenho das reações
químicas e funções de todo o seu organismo.
Por isso, aqui vão dois alertas.
O primeiro é para vovós e vovôs:
tornem voluntário o hábito de
beber líquidos. Bebam toda vez que houver uma oportunidade.
Por
líquidoentenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, leite. Sopa,
gelatina e frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi,
laranja e tangerina, também funcionam. O importante é, a cada duas
horas, botar algum líquido para dentro. Lembrem-se disso!
Meu segundo alerta é para os familiares: ofereçam constantemente
líquidos aos idosos. Lembrem-lhes de que isso é
vital. Ao mesmo tempo, fiquem atentos.
Ao perceberem que estão
rejeitando líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos,
irritadiços, fora do ar, atenção. É quase certo que esses sintomas
sejam decorrentes de desidratação. Líquido neles e rápido para um
serviço médico.
Arnaldo Lichtenstein (46), médico, é clínico-geral do Hospital das
Clínicas e professor colaborador do Departamento de Clínica Médica da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
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