terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

HOMILIA NO ENCERRAMENTO DO VII CONGRESSO DE EX- ALUNOS

HOMILIA NO ENCERRAMENTO DO VII CONGRESSO DE EX- ALUNOS





BELO HORIZONTE – BRASIL



7 de setembro de 2009











Identidade Pessoal do Ex-aluno











P. Vecchi afirmava que o (a) ex-aluno (a) salesiano apresenta múltiplas faces, que não podem ser reduzidas a um único identikit. Isto poderia ser o resultado da educação recebida, que procurou, sempre, formar pessoas desenvolvendo a originalidade de cada uma.



Existe uma pluralidade mais original para sublinhar. A Associação e a Confederação declaram seu sentido eclesial, mas sem deixar de reconhecer que há membros, a pleno titulo e direito, de diversas confissões cristãs, e de níveis diversos. Por isso, é fundamental saber acolher a todos sem importar com a confissão religiosa.



A que código, correspondente à sua identidade e não somente à sua pertença social, podemos referir – nos para indicar um caminho comum para tanta diversidade?



Ao nascer o Movimento, no dia 24 de junho de 1870, se vislumbraram bem as energias vitais, os acontecimentos, os sentimentos, as intenções, as possibilidades que, ainda hoje, são características que definem a identidade de cada ex- aluno(a);



· Um fato da Vida: ter freqüentado um ambiente salesiano;



· Uma graça: ter sido atraído pelo encanto e pela atração de Dom Bosco, profundamente homem e profundamente santo; o que leva o (a) ex-aluno(a) a identificar-se, em todas as partes, como ex-aluno(a) de Dom Bosco;



· Um projeto: unir-se a um movimento para conservar e desenvolver os princípios que estiveram na base da própria formação e traduzi-los no compromisso de vida¹.







A educação recebida, a educação posteriormente desenvolvida, a educação aplicada e comunicada, imprimem um caráter distintivo do(a) ex-aluno(a) salesiano. Ele desfrutou de uma experiência juvenil que o satisfez intimamente, não obstante os inesquecíveis acidentes devidos à idade e aos limites de instituições e de educadores. Saboreou a alegria do crescimento da realidade e para o amadurecimento pessoal. Experimentou relações humanas inspiradas no respeito e no amor, que na vida salesiana se concretizam no espírito da família. Teve parte ativa num ambiente ou comunidade educativa na qual se treinou na participação espontânea e na responsabilidade. Tornou-se consciente do dom da fé e teve oportunidade de encontrar-se com Cristo, através da Palavra, dos sacramentos, do compromisso ².











Identidade Associativa do(a) Ex-aluno(a)











Do(a) ex-aluno(a) se exigirá cada vez mais uma participação maior na vida da associação e nos objetivos do Movimento. A Igreja insiste na importância da comunhão espiritual e visível. Na sociedade presenciamos associações, novas no que se refere à modalidade e à finalidade, a uma busca de relações e sinergias. Sozinhos, nada se conseguimos e dispersos seremos absorvidos.



A associação dos(as) ex-alunos(as) é uma agregação verdadeiramente original: sua organização é, ao mesmo tempo, sua fraqueza cristã por Estatuto, admite com plenos direitos membros de diversas confissões e de diversas religiões. A associação responde aos requerimentos de seus membros: um lugar de formação de fé, um espaço de diálogo religioso, um laboratório de variegadas colaborações, um campo aberto de evangelização, uma convergência de acordo com os interesses de cada um, relacionada com objetivos quer religiosos quer seculares.



A renovação pessoal e associativa tem de levar cada ex-aluno(a) e a associação a “um renovado compromisso pela cidade dos homens”³, que “não se promove somente com relações de direitos e deveres, mas antes e mais ainda, com relações de gratuidade, de misericórdia e de comunhão” (Caritas in Veritate,6). Este compromisso abrange o privado, o social e o políticos, como momentos inseparáveis através dos quais se vai criando uma cultura. O(a) ex-aluno(a) é chamado(a) a assumir um compromisso sério no âmbito político. É uma forma de interessar-se pelo bem-estar de todos e de purificar o conceito de política, para que chegue a ser uma expressão da caridade.











Identidade Vivida na Família Salesiana











O fato de pertencer à Família, para compartilhar entre muitos as mesmas riquezas espirituais, não diminuiu os valores nem a originalidade de cada grupo. A fraternidade não anula a identidade, mas reforça. O mesmo ocorre com as situações concretas das pessoas e suas situações, que se confirmam, fortalecem e enriquecem.



Com a energia de seu carisma, São João Dom Bosco unifica, na harmonia de uma única família apostólica, o (a) religioso (a) e o secular, o (a) viúvo (a), o (a) celibatário (a) e o presbítero que, de maneiras diferentes, dão testemunho do espírito das bem-aventuranças. Ninguém perde sua especifica espiritualidade sacerdote, laical ou religiosa. O carisma de São João Dom Bosco é uma energia superior e global que marca a existência e assume e hierarquiza – especificando-as e fortalecendo-as, as diversas espiritualidades (Carta da Comunhão da Família Salesiana, 35).



Em outras palavras, a realidade associativa salesiana não traça linhas divisórias entre laicidad



Que o Senhor, Maria Auxiliadora e Dom Bosco nos assistam na bela tarefa de crescer em identidade pessoal, associativa e como Família Salesiana, e, ministério sacerdotal ou consagração religiosa. Há salesianos sacerdotes e leigos, há salesianos cooperadores(as) leigos(as), e presbíteros, há ex-alunos(as) leigos(as) religiosos(as) e presbíteros. Cada um vive sua vocação e atua de acordo com a própria condição: dá e recebe, inspira, colabora e apóia. Do componente laical da associação se espera uma contribuição de acordo com quanto está amadurecendo na Igreja. De fato, o conjunto da Família Salesiana e do Movimento Salesiano tem uma forte conotação laical, relacionada com a escolha do campo e com o estilo operativo. Leigo é o espaço onde se trabalha, a educação, a promoção da cultura. Leigas são a grande parte de suas energias, leigos são os princípios de praticalidade e eficiência.



Os compromissos que têm os (as) ex-alunos(as) em relação com a FS são diversos, entre eles, o trabalhar em comunhão: “a dispersão das forças apostólicas e o individualismo no bem reduzem o testemunho evangélico e a eficácia operacional”; formar-se juntos: “aprender a pensar juntos, para não reduzir a realidade ao próprio ponto de vista, organizar-se para trabalhar juntos” (Carta da Missão da Família Salesiana, 29-30). Assumimos estes compromissos porque estamos conscientes de que “ a sociedade,cada vez mais globalizada, torna-nos mais unidos, porém não mais irmãos” (Carta Caritas in Veritate, 19).com a finalidade de sermos protagonistas da história, tornando presente o Evangelho e o carisma salesiano na sociedade brasileira e no mundo. Amém.





















Don José Pastor Ramirez



Delegado Mundial dos Ex-alunos.















Voltar a Dom Bosco para um Ex-alunos(a) pode significar:







a. Converter mentalidade e modificar estruturas para passar de uma visão individualista a um estilo comunitário que envolve jovens, famílias e leigos, no anúncio de Jesus Cristo >> (CG 2631);



b. << amá0lo, estudá0lo, invocá-lo e torná-lo conhecido, aplicando-se quer ao conhecimento da sua história...>> (CG 261), quer ao estudo da história da Confederação dos Ex-alunos e da Família Salesiana: conhecer o Estatuto da Confederação em nível mundial, nacional e inspetorial;



c. Ler livros ou artigos de certa profundidade e rigor cientifico sobre a pessoa de Dom Bosco e sobre o Sistema Preventivo;



d. Assegurar uma boa formação aos associados, a nível local, nacional e inspetorial;



e. Estudar as Cartas – da Comunhão e da Missão – da Família Salesiana, e a Carta do P. Egidio Vigano, de 1987, sobre os ex-alunos(as);



f. Fazer apostolado, antes de tudo, entre os Jovens, a partir da própria família e dos filhos;



g. Motivar à participação dos sacramentos, sobretudo da Eucaristia e da Reconciliação, da oração pessoal e familiar;



h. Tomar parte de experiências: cursos, reuniões, exercícios espirituais, etc., que ajudem pessoas e famílias a colocarem Deus no centro da própria vida e a fortalecerem o relacionamento entre o casal, e com os filhos;



i. Ter um guia espiritual e motivar os filhos a fazerem o mesmo;



j. Elaborar o Projeto Pessoal de Vida e o Projeto Familiar;



k. Viver a solidariedade entre os Ex-alunos(as) e os jovens que pedem acompanhamento no seu processo de crescimento humano e cristão.







Os ex-alunos(as), pela educação recebida são chamados a:



a. <<...educar e evangelizar mentalidades, linguagens, costumes e instituições e ...culturas(CG 2625);



b. Trabalhar pela família a fim de que se torne uma instituição evangelizada e envagelizadora;



c. Estudar e meditar a Palavra de Deus para A assimilar e transmitir com o testemunho (Cfr. CG26, 32);



d. Preparar a família para o encontro com Cristo Palavra, fazendo de Cristo Eucaristia o seu centro (Cf. CG 26,32);



e. Garantir para os filhos e jovens uma formação humana e cristã sólida;



f. Acompanhar oportunamente os filhos e jovens no momento do namoro, a fim de que comecem um verdadeiro processo de discernimento e crescimento;



g. Cultivar em família a devoção a Nossa Senhora e aos Santos da Família Salesiana;



h. Construir dentro da família relacionamentos interpessoais alicerçados na amabilidade, no respeito, na escuta e no diálogo.











Ter Uma Plano de Governo











Para a Associação dos Ex-alunos(as) há necessidade de caminhar para um projeto partilhado e conhecido de todos. Se na Associação não existir um projeto bem definido, ela poderia desaparecer. Tal projeto dará atenção aos diversos aspectos de que se há de cuidar, como, por ex.: a formação, a vida cristã, o apostolado, a solidariedade, etc.







Constitui uma habilidade de primeira ordem ter objetivos bem claros e saber distinguir o principal do secundário, o importante do urgente na atividade educativo-pastoral ou na direção da Associação dos Ex-alunos. Se não se sabe para onde navegar não há que nos ajudar.







O projeto ajudará a ter claras as funções diretivas de prever/planejar, organizar, decidir, coordenar, controlar. Dirigir é, em grande parte, prever. A previsão requer não só que se determine << antecipadamente>> o possível suceder-se das diferentes etapas do plano mas também que se estabeleçam os oportunos indicadores de medida e de progresso.







Dirigir quer dizer: organizar a própria vida e contribuir para a organização da vida dos outros. O sucesso dos colaboradores é também o sucesso de quem coordena ou dirige. É fundamental convencer-se de que o que não se pode medir é praticamente impossível de se controlar. Por isso, salta à vista a importância de estabelecer objetivos claros e mensuráveis.







O controle é uma função diretiva não delegável. O essencial numa diretoria de primeiro nível é pensar e reservar a maior parte do tempo a determinar o que é preciso fazer, medir e analisar os resultados. Aos diretores de nível seguinte dedicar-se a organizar o capital técnico e humano, e à execução dos projetos.











Ser Um Ótimo Comunicador











O Sistema Preventivo é a expressão mais rica da visão de Dom Bosco sobre a educação; e também sobre a comunicação. Dom Bosco era um ótimo comunicador: foi capaz de usar multíplices meios com a única finalidade de chegar aos jovens. Ele usava todos os instrumentos e as linguagens de comunicação disponíveis no seu tempo para a educação: teatro, sessões acadêmicas, música...







As pessoas sempre comunicam. A comunicação é um modo de expressão e de relação. Dom Bosco possuía habilidades comunicativas: capacidade de elaborar adequadamente idéias e planos de ação mentais, emprego de vocabulário exato, sabendo ouvir, pedir, fazer silêncio, etc.







Dom Bosco, ao comunicar o seu projeto aos jovens e aos benfeitores o fazia com convicção, carisma, entusiasmo, força, eficácia. Sabia transmitir entusiasmo e paixão. Graças a essas duas habilidades, atingiu o seu fim: apaixonar um grupo de 18 jovens a começarem a Sociedade Salesiana.







É fundamental para uma diretoria ou para quem desempenha o serviço da autoridade, desenvolver uma série de habilidades comunicativas, como: ter objetivos claros; explorar, escutar, observar, identificar as regras da situação, preparar o ambiente, perceber o desejo de comunicar do interlocutor, não interpretar, antes pedir; apoiar-se em fatos e não em suposições; cuidar do modo de comunicar; buscar precisão; verificar se fomos compreendidos, fugir dos estereótipos, dos clichês e das generalizações; procurar ser consistentes no momento de expressar as idéias, evitar o sarcasmo, as humilhações, os juízos ou apreciações, as ordens.











Superar os erros que se podem verificar na direção ou no acompanhamento das pessoas e da associação.











Começamos por dizer que não é fácil dirigir. Só na medida em que formos capazes de avaliar a nossa ação como dirigentes seremos também capazes de crescer como tais.







Vejamos a seguir os erros mais freqüentes na direção. A direção improvisada: quando nos obrigam a agir, e a remendar e remediar repentinamente. A direção por tentativas: fazem-se experiências de ação ao chegar a resultados positivos. A direção por urgências: não há objetivos, prioridades, planejamento; e o único critério de atuação é a urgência. A direção por consequenciasacontecimentos: neste caso não é a urgência que determina, é antes o fato acontecido a uma terceira pessoa que se apresenta num momento determinado. A direção por ter ouvido dizer: agir segundo as noticias lidas no jornal ou depois de ouvir um comentário numa reunião de corredor. Direção <>: se enfrentam os problemas enquanto se vai para a frente, improvisando. Causa-se nas pessoas um sentido profundo de desorganização e de ausência de direção. Direção por sobressalto ou problema: quando se tem a tendência a reagir perante qualquer problema novo como se fosse ele o mais importante.







Outros erros fundamentais: Não ter objetivos definidos. É um dos erros mais freqüentes de dirigentes << ventoinhas>>, volúveis. Não medir ou avaliar os trabalhos que se fazem: o único modo de saber se os objetivos foram alcançados é avaliá-los. Ser mais que diretor.











Conclusão











Há um chamado: à renovação, à nova cidadania, a ser evangelizada para evangelizar, a viver em continuo crescimento humano, cristão e salesiano. A formação é o grande desafio da Associação. Só a formação continuada fortalecerá a identidade dos associados. A formação favorecerá a passagem da pertença sentimental à pertença responsável e compromissada com a Associação, e com ela também com a missão salesiana. Só na medida em que os desafios moverem cada um dos Ex- alunos pessoalmente, a Associação rejuvenescerá e garantirá o seu crescimento em qualidade e quantidade.







Toda proposta de renovamento supõe necessariamente mudança de mentalidade e de atitude: só assim se pode voltar à missão e à visão que tinha Dom Bosco dos Leigos, tanto da Família Salesiana quanto da Igreja.







Delegados, Presidentes e Ex-aluno todos: o chamado é para crescer, amadurecer continuamente e frutificar cada vez mais, (v. Christifidele laici 57). Eia, pois! Construir sinergia e agir com o descortino, com a disciplina e com a paixão de Dom Bosco: estas as grandes metas por alcançar.







Roma, Itália, 5 de junho de 2009.











P. José Pastor Ramiréz.



Delegado Mundial



dos Ex-alunos(as) de Dom Bosco

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