Décio Bona para brasilino.brasa, brasilino, mim |
| mostrar detalhes 17 mar (1 dia atrás) |
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Caro Laércio, faça chegar isto Tb ao presidente Brasilino, pois parece que o e-mail dele no momento está com gripe ....
DOA 19, GOSTARIA DE ESTAR COM VOCÊS, PARA CELEBRAR, PARTILHAR, E VIVER, INCLUSIVE COM O CARO SARDAGNA...
NÃO SENDO POSSÍVEL, envio DE TODO O MEU CORAÇÃO EX-ALUNAL, DOMBOSQUEANO E AMIGO, UMA GRANDE BÊNÇÃO PARA VOCÊS EX-ALUNOS DE DOM BOSCO E PARA AS FAMÍLIAS DE CADA UM. ESTAREI COM VOCÊS, DIA 19, EM ESPÍRITO E ENTUSIASMO...
Sucesso no encontro. Dê ao Sardagna, meu conterrâneo de RODÉO, UM GRANDE ABRAÇO DE SOLIDARIEDADE E DE FORÇA FRATERNA.
Até mais. E um abraço a cada um. “ QUEREMOS VER JESUS ... Discípulos e Apóstolos...” P. Décio Bona
DIREZIONE GENERALE OPERE DON BOSCO
Via della Pisana 1111 - 00163 Roma
Il Rettor Maggiore
"Vi. Ouvi. Compreendi. Desci... Vai, liberta o meu povo" (Êx 3,7-8)
Uma carta após a visita do Reitor-Mor a Haiti
Caríssimos irmãos, membros da Família Salesiana, amigos de Dom Bosco,
Agrada-me iniciar esta comunicação sobre a minha visita a Haiti com a dedicatória que os irmãos daquela Visitadoria escreveram e assinaram no livro "Haiti, retrato de um país", que me ofereceram no momento da despedida. Tenho-a não como louvor a mim, mas como expressão da sua experiência e dos seus sentimentos e, ao mesmo tempo, de reconhecimento aos que deram rosto à Providência e os fizeram sentir a proximidade amável, solidária de Deus:
Em poucos segundos, um sismo aterrador pôs-nos de joelhos. Catástrofe apocalíptica. Escombros. Mortos. Gritos. Lamentos. Medo. Desolação. Silêncio. Rebelião. Trevas. Trauma. Miséria. Desespero. Mãos estendidas para o alto. Mãos estendidas para Nosso Senhor.
"Vi. Ouvi. Compreendi. Desci... Vai, liberta o meu povo" (Êxodo 3,7-8).
Padre Pascual, viste e entendeste como Nosso Senhor. OBRIGADO por ter entendido imediatamente. Obrigado pela carta enviada aos Salesianos, obrigado por aquela que o teu coração de pai nos enviou. Sensibilização. Tomada de consciência. Solidariedade. Fraternidade...
Padre Chávez, diante de Nosso Senhor, dizemos em confiança que a comunicação que mais nos agrada é "a carta aberta da tua pessoa". Que coração de pai! Que sensibilidade!
Obrigado, pai, por não teres enviado um Moisés. Obrigado por teres vindo pessoalmente. Obrigado por teres reproduzido os passos de Jesus e o coração de Dom Bosco. Por compartilhar conosco o caminho do sofrimento pelos nossos mortos e dispersos na luta empreendida pela vida, das nossas ruínas à refundação, a partir da conversão pessoal e comunitária.
Padre Pascual, obrigado, obrigado!
Visitei Haiti nos dias 12-15 de fevereiro de 2010. Desde o primeiro dia do terremoto, que atingiu com destruição e morte grande parte do país em 12 de janeiro passado, fiz-me presente junto aos irmãos através de uma comunicação telefônica diária com o então Superior, P. Jacques Charles, e com aquele que, em fins de janeiro, devia sucedê-lo como novo Superior da Visitadoria, P. Sylvain Ducange. Ativei-me envolvendo oficialmente a Inspetoria das Antilhas, a cujo Inspetor, P. Victor Pichardo, pedi que fosse imediatamente a Porto Príncipe para estabelecer uma ligação de apoio; enviei, também, uma carta a toda a Congregação, informando sobre a situação dramática dos nossos irmãos, pedindo a solidariedade de todas as casas, obras e Inspetorias para enfrentar a situação de emergência, como também a futura reconstrução; enfim, mobilizei todas as Procuradorias missionárias, encabeçadas pela de New Rochelle. Devo dizer que encontrei uma resposta excepcionalmente positiva e exemplar a todas essas intervenções, pelo que sinto o dever de agradecer e documentar.
Entretanto, tinha como necessário, importante e significativo ir pessoalmente a Haiti para fazer sentir a proximidade, a fraternidade e a solidariedade da Congregação na pessoa do Reitor-Mor. Queria compartilhar de perto o sofrimento e a incerteza vivida por toda a população. Impelia-me a conhecer melhor a situação das casas salesianas, que ficaram completa ou parcialmente destruídas, especialmente as da área de Porto Príncipe, e refletir com o Superior da Visitadoria e o seu Conselho sobre as opções a fazer no futuro imediato.
Embora no momento da chegada a Porto Príncipe, o piloto do helicóptero tivesse sobrevoado a região mais devastada – o que me permitiu ter logo uma visão de conjunto através do giro panorâmico do alto – só o percurso feito de carro, o cenário dos edifícios destruídos até o solo e a experiência de caminhar entre os escombros fizeram-me capaz de avaliar efetivamente a dramaticidade do sismo que se abatera sobre a população indefesa e totalmente despreparada para tal evento.
Fiquei horripilado diante da vastidão da destruição, da paisagem apocalíptica de morte, de sofrimento e desespero. O Palácio Nacional, símbolo do orgulho e do poder, praticamente ruído sobre si mesmo com as colunas que saltaram pelo ar e, da mesma maneira, os demais edifícios dos ministérios. Da Catedral ficaram em pé apenas a fachada e as paredes laterais; o teto e as colunas caíram por terra. Parecia como se a cidade, naqueles 28 segundos de duração da intensíssima vibração, tivesse perdido a cabeça e o coração. De fato, é isso mesmo, porque desde aquele momento há uma absoluta falta de liderança, e a vida, imensamente mortificada, continua a caminhar mais por força da inércia e pela luta pela sobrevivência do que por uma organização social que a sustente e estimule.
Enquanto ouvia os testemunhos dos sobreviventes, sobretudo daqueles que conseguiram escapar da morte depois de horas ou dias em que ficaram bloqueados entre os pavimentos, telhados e muros, e à medida que observava os edifícios e casas destruídos, procurava ouvir a voz de Deus que, como o sangue de Abel, grita com as vozes de milhares de mortos sepultados em valas comuns ou ainda sob os escombros. Procurava ouvir Deus que estava a falar por meio do rumor surdo dos milhares de pessoas que se esforçam por viver sob as tendas entregues pelos organismos internacionais ou feitas de trapos juntados de algum modo. Procurava abrir os ouvidos e o coração ao grito de Deus que se fazia ouvir através da raiva e do sentimento de impotência daqueles que veem como tudo que tinham construído – muito ou pouco que fosse – se tenha extinguido na poeira, no nada. Calcula-se entre 300 e 500 mil, o número de pessoas que ficaram sem teto.
É verdade que um terremoto de 7,5 graus na escala de Richter produz um abalo de força devastadora incalculável, mas é também verdade que neste caso a destruição e as mortes foram ainda mais grandiosas devido à miséria em todos os sentidos. Nesta condição, não se pode construir uma vida digna de tal nome e nem habitações mais seguras e resistentes diante desse tipo de fúria violenta da natureza. Por isso, o desafio, hoje, não pode ser apenas o de levantar as paredes dos edifícios, das casas e igrejas destruídas, mas o de fazer Haiti renascer edificando-o sobre condições de vida realmente humana, onde os direitos, todos os direitos, sejam para todos e não privilégio de alguns.
A ausência quase total do governo deixa a população confusa pelo sofrimento, submetida à angústia e arrastada pelo desespero, caminhando pelas ruas sem bússola e sem meta. Impressiona, de fato, esse caminhar da gente numa peregrinação de luta pela vida. Contudo, também em nível eclesial, a morte do Arcebispo, do Vigário Geral, do Chanceler, de 18 seminaristas e 46 religiosos e religiosas, com a queda de casas, escolas e centros de assistência, significou uma dolorosa perda de pastores, muitíssimo necessários para essa gente.
Infelizmente o momento da notícia praticamente já passou, quando Haiti se encontrava no centro do cenário da história como vítima caída por terra, que atraía a atenção das grandes redes televisivas e dos jornalistas, sempre à caça dos acontecimentos que vendem share. Hoje, a cidade continua no caos, mais do que antes. Deve-se admirar, certamente, o sentimento religioso que leva o povo haitiano a reunir-se em oração, sentimento fortemente desfrutado agora pelas seitas evangélicas, como também causa grande admiração o esforço de voltar à normalidade quando, no fundo, tudo mudou.
Embora a situação de emergência possa durar ao menos outros dois meses, segundo o que afirmam aqueles que administram esta fase, chegou a hora de arregaçar as mangas e começar a reconstruir o país, antes, fazê-lo renascer das cinzas. Eis a grande oportunidade oferecida a esta pobre nação, a antiga "Pérola das Antilhas".
Para que esse sonho se torne realidade, não se parte do nada, mas se parte novamente 'in primis' dos próprios haitianos, chamados mais do que nunca a serem protagonistas dessa nova fase da sua história. Eles não estão sozinhos. Antes, conforta o fato de ver muitíssimas organizações (um total de 80) seriamente empenhadas nessa tarefa desafiadora, juntamente com muitíssimas pessoas de boa vontade, desejosas de semear esperança e construir um futuro para o povo haitiano.
O protagonismo dos próprios haitianos é absolutamente indispensável para superar não só a tendência à resignação, que é um traço de tipo um tanto cultural, mas também a dependência externa absoluta, que poderia levar à tentação de jogos de poder e privar Haiti da sua soberania.
Por isso, deram-me grande alegria e fizeram ter grande orgulho dos meus irmãos Salesianos a abertura das nossas casas, embora gravemente arruinadas – refiro-me as dos Salesianos –, para acolher os refugiados, com o empenho de fazer com que se sintam bem, mesmo em meio à sua tragédia, como também a organização civil dos campos de refugiados e a opção de viverem em tendas como eles.
Queira o Senhor transformar este duelo que encheu de luto todas as famílias de Haiti em canto e dança de alegria. Não seria justo nem responsável deixar cair no nada, no vazio, na esterilidade a morte das centenas de milhares de vítimas, como também a perda de tudo o que possuíam aqueles que se encontram na rua, sem mais nada.
Da nossa parte, sentimos a necessidade de renovar o nosso empenho pelo renascimento do país, refundando ao mesmo tempo a Congregação com presenças que correspondam às expectativas da sociedade haitiana, da Igreja, dos jovens.
Anteriormente eu dizia que, mais do que simplesmente levantar as paredes, trata-se de uma mudança de mentalidade.
O Estado deve mudar de tal forma que possa garantir uma vida digna para todos os seus cidadãos, garantindo os direitos a todos e abatendo a injustiça, a corrupção, a miséria, sem ideologias e com expressões de autêntica democracia.
Entretanto, também a Igreja, e nela a vida consagrada, deve mudar, procurando sempre mais identidade, fidelidade ao Senhor Jesus e ao seu Evangelho, integrando bem evangelização, promoção humana e transformação da cultura e da sociedade.
Sob este perfil, estou contente pela forma com que o Superior da Visitadoria e o seu Conselho estão administrando a situação. Eles organizaram a assistência (providenciando tendas, comida, água, ajuda psicológica e espiritual) aos milhares de refugiados, sem teto, que vieram encontrar asilo em Thorland, PétionVille, Delmas, Cité Soleil. Interessaram-se em dar assistência aos empregados das nossas comunidades e obras. Organizaram os irmãos das casas que ficaram inabitáveis: ENAM, Fleuriot, Casa Inspetorial, Gressier.
Teve também início um plano imediato, que contempla a reorganização da Visitadoria em todos os níveis, compreendido o da refundação das obras, a revisão da proposta pastoral em geral e em determinados ambientes, tendo sempre em mente particularmente as necessidades da sociedade, da Igreja e dos jovens.
Após a visita 'in loco' e a informação disponível, em relação às nossas obras tem-se por necessário fazer primeiramente uma verificação da possibilidade de uso das casas e obras que ficaram em pé e, sucessivamente:
- tornar seguras todas as obras, algumas das quais já foram saqueadas, reconstruindo os muros perimetrais que caíram;
- reconstruir todo o conjunto das OPEPB, as que estão ao lado do ENAM e as situadas em Cité Soleil, o que implica a elaboração de um plano de conjunto para a Escola Lakay e um Centro Juvenil;
- realocar ENAM de tal modo que se possa construir um Centro de Formação Profissional à altura da demanda, também voltando página da história desta obra: para tanto, deve-se buscar um lugar melhor;
- reconstruir o Centro dos Jovens de Thorland e a quadra polivalente;
- reconstruir a Paróquia de Cité Soleil e o Centro Juvenil;
- reconstruir o dormitório e as salas de aula de Gressier;
- reconstruir parte da escola primária de Pétion-Ville;
- repensar toda a obra de Fleuriot, levando em conta as necessidades da casa para os pós-noviços e do Centro de Estudos;
- realocar a Casa Inspetorial, deixando a sede atual para casa da comunidade de Cité Soleil;
- simplificar o conjunto de obras em Fort-Liberté, privilegiando o Centro de Formação Profissional, a escola de formação de professores, que é estratégica e absolutamente necessária para formar o novo tipo de educadores de que Haiti precisa, e a escola de enfermagem, a única que restou no país;
- discernir quanto ao futuro da Escola Agrícola "Fundação Vincent" de Cap-Haïtien, situada num propriedade que não é nossa, e procurar realocá-la em Tosià ou Gressier, onde temos uma extensão bastante grande de terreno de nossa propriedade. No momento, deve continuar a funcionar com os diversos serviços educativos que oferece;
- decidir sobre Baudin (casa para o noviciado que, de fato, só funcionou por três anos): ou será doada à Conferência Episcopal Haitiana para o seu centro de formação ou será vendida.
Isso não quer dizer que se deverá fazer tudo e tudo ao mesmo tempo. Será preciso fazer uma jerarquização das intervenções a realizar. Deveremos contar com a disponibilidade, já em ação, da Proteção Civil Italiana, que expressou a intenção e satisfação de colaborar estreitamente conosco, e com as ofertas que já chegaram às Procuradorias, de organismos internacionais, Inspetorias ou casas, Conferências episcopais e benfeitores.
O prioritário, considerando o presente e o futuro, é continuar a fazer, onde for possível, que funcionem as escolas e os centros juvenis, e também construir ou reconstruir o mais depressa possível as obras que ficaram sem condições de habitabilidade. A prioridade com o cuidado e a educação dos jovens é absoluta, tanto mais que aquilo que está em jogo é a criação de uma nova cultura, por meio de uma nova educação, capaz de construir o novo Haiti.
Isso tudo requer urgentemente pessoal capaz de coordenar esses trabalhos. Seria esta também a ocasião para fazer funcionar bem o "Bureau de Planification et de Développement" da Visitadoria. Contudo, o responsável direto de toda a 'operação de emergência e reconstrução do Haiti' é – como deve ser – o Superior da Visitadoria, P. Sylvain Ducange; a ele faz referência o P. Mark Hyde, diretor da Procuradoria das Missões de New Rochelle, a quem foi confiada a coordenação, e os demais organismos interessados na operação de reconstrução.
No próximo ano, a Visitadoria "Beato Filipe Rinaldi" do Haiti celebrará o 75º aniversário de presença neste país. Para os irmãos haitianos será um autêntico jubileu, e espero que então já possamos ver a refundação do carisma como dom renovado de Deus aos jovens haitianos.
Um jubileu é, também, tempo de conversão; isso significa dizer tomar consciência dos nossos pecados pessoais, comunitários e institucionais por não termos conseguido viver até o fim a nossa identidade de consagrados apóstolos, fazendo do Projeto espiritual e apostólico de Dom Bosco, codificado nas Constituições, um autêntico projeto evangélico de vida.
Enquanto agradeço à Congregação, às nossas Procuradorias, aos organismos internacionais próximos de nós e simpatizantes da obra salesiana pela generosidade e ousadia com que responderam à minha carta anterior, convido a continuar o nosso esforço de enfrentar as necessidades ingentes desse país tão carente.
Confio a Maria esta nova fase da história. Ela nos guie para sabermos estar à altura do desafio. Ela abençoe a todos nós.
Com afeto e estima em Dom Bosco,
Roma, 25 de fevereiro de 2010